quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Mundo está ao contrário e ninguém reparou?

Minha amiga foi assaltada numa das avenidas mais movimentadas de São Paulo.
Sábado, 11h30min, céu azul com muito sol e muito trânsito.
Minutos depois chegou branca no escritório e relatou o ocorrido. Então ouviu: "Sorte sua que não levaram o carro", "Ainda bem que não levaram a bolsa", "Mas como não levou o celular?", "Eu já deixo uma bolsa velha no carro e com um pouco de dinheiro, qualquer coisa eu já estou preparada", "A melhor coisa é você já andar com uns R$20,00 na mão",...
Fico assustada com o assalto e mais ainda com os comentários.
O povo está se acostumando com a violência?
As estratégias não são mais para combater o crime?
No dia seguinte ao sair de casa, coloco um celular velho no console do carro, uma bolsa antiga com algumas coisas que não uso mais e com um pouco de dinheiro no banco do carona, passo nos faróis amarelos e mantenho muita distância do carro da frente, caso tenha que parar. Vidros sempre fechados, mesmo com muito calor.
Olhos atentos para todos os lados. De repente um motoqueiro para do meu lado e fica me olhando insistentemente.
Não sei se abro o vidro, dou o celular ou a bolsa?
Sinto minhas pernas tremerem quando ele faz um sinal para que eu abaixe o vidro.
O farol não abre.
Resolvo abrir o vidro e então ele me diz: "A senhora tem horas, por favor?"
Pálida, com a respiração ofegante, retiro meu relógio do pulso e lhe entrego. Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, o farol abre e eu arranco rapidamente.
Chego no escritório e desabafo: "Fui assaltada! Que bom que ele levou só o relógio!"

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